João Portugal Ramos – Grupo J P Ramos | Entrevista

João Portugal Ramos – Grupo J P Ramos | Entrevista

O Grupo J P Ramos, com 28 anos de atividade, é uma referência de vinhos portugueses a nível mundial, produzindo vinhos de diferentes regiões demarcadas, nomeadamente do Alentejo e Douro.

 

Desde a sua fundação, em 1992, que o Grupo tem crescido de forma sustentável e alargado a sua atuação a diferentes regiões do país. Consegue identificar os fatores que mais contribuíram para o vosso sucesso?

Houve vários fatores, mas creio que o mais importante foi o de melhorar a qualidade ano após ano. Se a qualidade não acompanhasse o aumento do volume que o grupo teve durante estes 28 anos, tenho a certeza que o sucesso do grupo não teria sido o mesmo.

 

Desde 2014 que a segunda geração da família detentora do Grupo J P Ramos trabalha ativamente na Empresa, tendo sido o primeiro projeto o lançamento da marca Pouca Roupa. Recentemente lançaram o Marquês de Borba Late Harvest, quais as caraterísticas diferenciadoras deste vinho?

É um late Harvest alentejano, sem que haja podridão nobre das uvas, pois essas condições não são comuns no Alentejo. O vinho é feito com uvas sobremaduras mas que devido às características do solo onde a vinha está plantada, mantém uma acidez alta, o que torna o vinho fresco. Antes de processarmos as uvas, estas são congeladas numa câmara frigorifica para que se consiga aumentar ainda mais a concentração de açúcar.

Para mim, a característica diferenciadora deste vinho é o equilíbrio entre a acidez e a doçura, este equilíbrio aliado às notas de casca de laranja presentes no aroma do vinho, tornam-no muito mais fresco e apetecível de beber.

 

A pandemia COVID 19 trouxe desafios complexos a todos os setores. Qual o impacto que teve no Grupo, nomeadamente na área do turismo e no processo das vindimas?

 

Começámos a apostar mais seriamente no turismo em 2014, e desde aí o número de visitas aumentou todos os anos, bem como a receita por visitante. No confinamento o enoturismo fechou, voltando apenas a abrir em Junho, com todas as medidas de segurança necessárias.  Houve claramente uma quebra nos números em relação aos anos anteriores, comparando meses homólogos, mas de certa forma, alegra-nos o facto de mantermos um bom rácio de receitas por visitante, quer seja devido à compra de vinhos mais premium, ou devido às receitas provenientes dos nossos programas de enoturismo.

Quanto à vindima, aumentámos o número de equipas, e tomámos medidas para que houvesse o mínimo contacto possível entre membros de equipas separadas. Reduzimos os espaços comuns, e aumentámos a frequência de desinfeção dos locais de trabalho. Houve também um maior controlo a entradas de pessoas externas na adega.

 

Como resposta às necessidades do mercado, rapidamente ajustaram o processo produtivo e dotaram-se dos equipamentos necessários à produção de álcool gel para comercialização em bag in box. Como correu o processo? Considera que os apoios disponibilizados pelo Portugal 2020 foram adequados?

O processo ainda está em curso, mas até agora está a correr como planeado.

O projeto foi dimensionado em Abril de 2020, quando os consumos deste produto eram altíssimos, finalizámos a instalação destes equipamentos no final de Julho, e nos meses de Agosto e Setembro, o mercado de álcool gel desceu bastante, dificultando o escoamento do produto. Observamos agora uma nova procura por álcool gel, não tão grande como na primavera de 2020 mas já é significativa, temos já vários clientes, desde cadeias de hotéis a cadeias de grande distribuição. Um dos principais objetivos deste investimento é também ajudar instituições que necessitem de álcool gel.

Os apoios disponibilizados e a velocidade de aplicação dos mesmos foram bastante adequados.

 

São dos clientes mais antigos da HM Consultores, em especial na área de Incentivos & Benefícios Fiscais.  Quais considera que deveriam ser as áreas prioritárias no próximo quadro comunitário – Portugal 2030?

Este quadro comunitário será muito importante para a recuperação do país depois da pandemia.

Creio que o sucesso da saída do país deste período mais complicado, estará muito ligado à criação de emprego e criação de produtos de valor acrescentado. Daí, acho que o Portugal 2030 tem que apoiar empresas em crescimento e saudáveis, independentemente da área em que esta se encontre.

 

Quais os próximos projetos que têm definidos para o Grupo? 

Nestes últimos anos, o projeto principal foi reorganizar a casa após vários anos de crescimento e entrada em novos desafios. Agora tenho as empresas do grupo mais organizadas e eficientes.

Tendo a casa organizada, e a segunda geração a entrar no negócio, dá me mais tempo para fazer o que realmente gosto de fazer, grandes vinhos, e vejo isso o próximo projeto do grupo, e o de maior importância, continuar a fazer grandes vinhos e melhorar ano após ano.